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Bem-vindo à Holanda, por Emily Perl Kingsley

  • Foto do escritor: Débora Palma
    Débora Palma
  • 24 de jan. de 2021
  • 2 min de leitura

O lido com um diagnóstico de síndrome de down é difícil para muitos pais. Chegado o momento do enfrentamento do diagnóstico, são comuns as reações de culpa, tristeza e a inquietação: “o que eu fiz de errado para que isso acontecesse?”


Com o tempo, no entanto, as emoções se modificam, os vínculos com a criança se fortalecem e, ao final, a viagem terá valido muito a pena.


Escrito por Emily Perl Kingsley, mãe de uma criança com síndrome de Down, esse texto trata da experiência de ter suas expectativas de vida viradas de cabeça para baixo.

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Bem-vindo à Holanda


Esperar um bebê é como planejar uma viagem fabulosa à Itália. você compra um monte de guias e faz seus planos maravilhosos. O Coliseu, o David de Michelangelo, as gôndolas de Veneza. Pode ser que você aprenda algumas frases praticas em italiano. Tudo é muito excitante.


Depois de meses de expectativa e ansiedade, finalmente chega o dia.

Depois de meses de expectativa e ansiedade, finalmente chega o dia. Você faz as malas e vai. Várias horas depois, o avião aterrisa. A aeromoça aparece e diz: "Bem-vindos à Holanda".


"Holanda!?!", você diz. "Como assim, Holanda?? Minha viagem era para a Itália! Eu deveria estar na Itália. Passei a vida toda sonhando em ir para a Itália".

Mas houve uma mudança no plano de voo. Eles aterrissaram na Holanda, e é lá que você tem que ficar.


O importante é que eles não te levaram para um lugar horroroso, desagradável, imundo, cheio de pestilência, fome e doenças. É apenas um lugar diferente.

Então, você precisa sair e comprar novos guias. Precisa aprender uma língua completamente nova. Você vai conhecer todo um novo grupo de pessoas que nunca viu.


Trata-se apenas de um lugar diferente. É mais tranquilo do que a Itália, menos chamativo do que a Itália, mas depois que você está lá por um tempo e consegue recuperar o fôlego, olha em volta... e começa a reparar que a Holanda tem moinhos de vento... e a Holanda tem tulipas. A Holanda tem até Rembrandt.


Mas todo mundo que você conhece está na agitação de ir e vir da Italia... Todos se vangloriam sobre a temporada maravilhosa que passaram lá. E pelo resto da sua vida, você dirá: É, era para lá que eu deveria ter ido. Foi isso que planejei".

A dor disso nunca, jamais, jamais, jamais desaparecerá... porque a perda desse sonho é uma perda muito, muito significativa.


Mas... se você passar a vida toda lamentando o fato de não ter chegado à Itália, pode ser que nunca se sinta livre para aproveitar coisas muito especiais e encantadoras que existem na Holanda.



Estamos todos na Holanda, porque a maioria das pessoas não tem a vida exatamente como planejou. E está tudo bem nos adaptarmos e buscarmos novas formas de viver e perceber o mundo ao nosso redor. Bem-vindo à vida, que está constantemente nos ensinando a viver em constantes transformações. A forma como encaramos os obstáculos dependerá do ângulo pelo qual o encaramos.


Não hesite em buscar ajuda profissional se se sentir muito desafiado diante daquilo que a vida coloca diante de si.

 
 
 

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© Débora Palma

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