Como se sentir mais preparado para lidar com a vida
- Débora Palma
- 23 de jan.
- 2 min de leitura
Hamlet, Ato V, Cena 2, fala com Horácio sobre seu duelo com Laertes, e expressa inquietação e medo antes do duelo fatal que encerra a tragédia. Ao mesmo tempo, Hamlet revela certa serenidade ao refletir sobre o destino inevitável. Ele afirma que tudo acontece de acordo com o plano maior, e que evitar o destino é fútil. Uma de suas falas mais conhecidas é: “Se for agora, não vai ser depois; se for depois, não vai ser agora, e se não for agora, em outro momento será”. ("If it be now, 'tis not to come; if it be not to come, it will be now; if it be not now, yet it will come: the readiness is all.”)
Ao conversar com Horácio, Hamlet demonstra não apenas estar ciente dos riscos do duelo com Laertes, mas também que decidiu enfrentar seu destino com coragem. A ideia é que evitar confrontos é tentar fugir do que é inevitável.
Trata-se não apenas de um diálogo sobre o duelo iminente, mas também uma reflexão filosófica sobre a mortalidade e aceitação da vida como ela é. Isso marca um momento de amadurecimento de Hamlet, que abandona a hesitação e se prepara para o que está por vir.
Estar preparado é tudo. No caso da cena de Hamlet, estamos falando da morte. Mas a ideia se aplica pra a vida no geral: precisamos estar preparados para não saber de tudo, mas estarmos abertos para conseguir responder, das melhores maneiras possíveis, ao que não sabemos, ao que se apresenta para nós em nosso dia a dia. Precisamos estar “porosos”, receptíveis às dúvidas, aos confrontos, ao desconhecido.

Há uma enormidade de coisas que você não domina e que tem que estar preparado para não dominar - e conseguir fazer o melhor que você pode, e seguir tento algum prazer com isso, com essas novas experiências de descoberta. Eita, difícil, né? hahaha.
Não existem respostas certas. E estar preparado não significa estar no controle, de botar uma armadura e pensar “eu vou vencer isso aqui”, mas estar preparado para não saber - e mesmo assim, ir, seguir, avançar, até onde a coisa for, e até quando deixa de ser.
E você? Tem a coragem de seguir adiante, mesmo não sabendo dos desfechos, dos riscos, das felicidades, e da inevitabilidade do fim?
A vida adquire mais vivacidade quando deixamos de querer controlar os eventos que se sucedem. Isso não quer dizer inação ou indiferença, mas ação com propósito e paciência.