Estilos de parentalidade (Baurmind) - autoritária, permissiva e democrática
- Débora Palma
- 6 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de jan. de 2021
Diana Baurmind, em uma pesquisa pioneira que estudou 103 crianças em idade pré-escolar em 95 famÃlias, mediu o comportamento das crianças e identificou três tipos de parentalidade e quais os padrões comportamentais tÃpicos de crianças educadas em cada um deles.
Parentalidade autoritária - enfatiza o controle e a obediência, sem questionamentos. Os pais querem que a criança se conforme com um padrão de comportamentos de conduta, punindo-a arbitrariamente e com rigor caso ela se desvie do padrão estabelecido. Impactos nos filhos: descontentamento, retração e desconfiança.
Parentalidade permissiva - enfatiza a autoexpressão e autorregulação. São pais que fazem poucas exigências e permitem que os filhos pratiquem suas próprias atividades, deixando-as mais livres. Quando precisam criar regras, explicam os motivos para eles. Consultam seus filhos sobre decisões e raramente os punem. São pais geralmente afetivos, comunicativos e receptivos com a prole. Impactos nos filhos: pouco autocontrole e pouca curiosidade exploratória na pré-escola.
Parentalidade democrática - enfatiza a individualidade na criança, embora também imponha restrições sociais. Pais que pautam sua conduta de forma democrática compreendem a importância de seu papel na orientação e educação dos filhos, mas também respeitam decisões independentes, interesses, opiniões e a personalidade da criança. Eles impõem punições limitadas e criteriosas quando necessário, dentro do contexto de um relacionamento carinhoso e apoiador, dando preferência à disciplina indutiva, explicando o raciocÃnio por trás de suas decisões e encorajando o diálogo. Impactos nos filhos: crianças mais aptas a dialogar e expressar ideias e emoções. As crianças em idade pré-escolar tendem a ser mais autoconfiantes, autocentradas, autoafirmativas e exploradoras satisfeitas.

Dar espaço para a criança descobrir o mundo e intervir quando necessário se mostra uma boa forma de conduzir o desenvolvimento saudável do indivÃduo.
Para Bem e Wagner, o estilo de parentalidade democrática está fortemente relacionado a uma série de aspectos do desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes tidos como positivos.
Além disso, pais democráticos estabelecem expectativas sensatas e padrões realistas, definindo que tipo de conduta esperam dos seus filhos. EM lares autoritários, a criança não tem espaço para questionamentos e nem para a escolhas independentes sobre seu comportamento. Em lares permissivos, a criança pode receber tão pouca orientação que torna-se insegura no momento de escolhas.
O modelo de Baurmind sofreu algumas crÃticas ao longo dos anos, principalmente por "normatizar" o que seria uma criação infantil adequada e por não levar em conta fatores inatos, como o temperamento. Apesar disso, há evidências de que identificar e promover práticas de parentalidade positivas é crucial para prevenir o surgimento precoce de comportamentos problemáticos.
Outros pesquisadores propuseram também um quarto estilo de parentalidade - negligente ou omissa - são pais que, geralmente por motivo de estresse ou depressão, concentram-se mais em suas atividades do que nos filhos. Esse tipo de parentalidade aparece associada a uma série de distúrbios comportamentais na infância e adolescência.
A forma como se dá a escolha de estilo parental está atrelada a contextos (situacional, familiar e cultural). O "estilo educativo" é, no fim das contas, produto e produtor de um meio.
"Os pais e as mães possuem determinados valores que querem ver desenvolvidos em seus filhos. Esses valores embasam suas metas educativas. Para verem estas realizadas nos filhos, eles utilizam determinadas práticas (ou estratégias) de socialização, as quais compõem seu estilo educativo. Portanto, na maioria das vezes, a maneira como os pais e mães agem com os filhos não é simplesmente improvisada"(BEM e WAGNER, 2006)
Referências
PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento psicossocial na segunda infância. In: PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento humano. 12 ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. cap. 8, p. 282-313.
BEM, Laura Alonso de; WAGNER, Adriana. Reflexões sobre a construção da parentalidade e o uso de estratégias educativas em famÃlias de baixo nÃvel socioeconômico. Psicol. estud., Maringá , v. 11, n. 1, p. 63-71, abr. 2006 .  DisponÃvel em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722006000100008&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 06 nov. 2020. https://doi.org/10.1590/S1413-73722006000100008.