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O que fazer antes de morrer?

  • Foto do escritor: Débora Palma
    Débora Palma
  • 11 de dez. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de jan. de 2021

Em 2009, a artista Candy Chang criou um espaço em uma parede pública de New Orleans, nos Estados Unidos, com a deixa: Antes de morrer, eu...

Em poucos dias, a parece estava totalmente cheia. As pessoas escreveram coisas como: Antes de morrer, quero andar sobre a Linha Internacional de Data. Antes de morrer, quero cantar para milhões de pessoas. Antes de morrer, quero ser totalmente eu mesmo.


Logo a ideia propagou-se para milhares de paredes no mundo todo: Antes de morrer, gostaria de desenvolver uma relação com a minha irmã. Ser um ótimo pai. Pular de paraquedas. Fazer a diferença na vida de uma pessoa. Ser eu mesma.


E você? O que escreveria na parede?


Ao fazer um exame de consciência, é comum as pessoas começarem a elaborar listas com planos, projetos e ideias. O problema é que, ao criá-las, as ideias continuam lá, no papel, sem nenhum correspondente concreto na vida da pessoa. Isso se deve em grande parte à ideia de que o fim da vida não está próximo ou, então, que a morte é algo intangível e sobre a qual não se pensa muito, apesar da obviedade: 100% das pessoas vão morrer.


Melhor que fazer listas de planos - e não colocá-los em prática -, é viver uma vida voltada para o presente, e que oportunize a vivência do que acontece agora, mesmo considerando a imensidão das incertezas. Viver tentando editar o passado e buscar o melhor futuro possível nos limita a um tempo inexistente (uma coisa que já foi e uma coisa que ainda não é e pode nem vir a ser), distorcendo as possibilidades reais de atuação no mundo. A morte virá para todos, e a cada dia nos aproximamos dela. O que estamos fazendo com o precioso tempo que (ainda) temos à nossa disposição?


Candy Chang participou de um TED, no qual fala sobre a sua experiência com a proposição do quadro e os impactos na vida das pessoas. Trabalhando com os espaços públicos como forma de conexão com a comunidade e proposta de reflexões, Chang percebe que são duas as coisas mais valiosas que temos: o tempo e o nossos relacionamentos com as pessoas.


Em nossa era de distrações constantes, é mais importante do que nunca ter em perspectiva o que realmente importa, e se lembrar que a vida é, ao mesmo tempo, breve e sutil. A morte, nesse contexto, deveria ser mais discutida e refletida, pois o preparo para a morte é uma das coisas mais empoderadoras que podemos ter. A própria noção da finitude muda a percepção que temos do tempo, da vida e do que importa de verdade.


Os espaços compartilhados podem melhor refletir o que importa para nós como indivíduos e como comunidade, e trazem mais formas para compartilharmos nossas esperanças, medos e histórias. As pessoas ao nosso redor não apenas podem tornar os lugares melhores, mas a viver vidas melhores, com mais senso de significado e necessidade de construir uma noção de eu no mundo.



 
 
 

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© Débora Palma

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