O suplício de Tântalo
- Débora Palma
- 19 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
Tântalo, filho bastardo de Júpiter, era rei da Lídia. Certo dia, convidou para seu palácio seu pai, que estava na companhia de Ceres e Mercúrio.
Apesar de rei, Tântalo tinha temperamento servil, e estava desejoso de oferecer aos deuses convidados um prato digno de seus paladares… nem que isso significasse sacrificar e cozinhar seu próprio filho! Ele achava que o holocausto de seu filho lhe renderia um passaporte para a imortalidade. Afinal - ele pensava -, não era ele filho de Júpiter, um imortal?
Apesar das súplicas, o rapaz, Pélope, foi então morto por escravos, que o cozinharam e o serviram numa imensa bandeja. Posta diante de Júpiter, a tampa foi descoberta. Em meio a tâmaras, amêndoas e nozes jaziam os pedaços do pobre Pélope.
Júpiter e Ceres são os primeiros a serem servidos. Assim que Ceres inicia sua refeição, Mercúrio, ao ser servido, reconhece no pedaço do prato um pé humano!
Ao ser questionado quanto a procedência do prato, orgulha-se do holocausto do filho - afinal, ele acreditava, era este o passaporte para sua imortalidade, a ser negociada com os deuses.
Júpiter fica indignado, pois naquelas terras fora abolida há muito tempo a prática dos sacrifícios humanos.
Mercúrio vai, então, até o Olimpo buscar Cloto, uma das Parcas, para que sua magia restituísse Pélope com vida outra vez. Seu ombro, no entanto, perdera-se, pois Ceres o havia comido, inadvertidamente. Júpiter, porém, deu-lhe um ombro novo, inteiramente de marfim.
Quanto ao destino de Tântalo, Júpiter foi implacável: mandou-o para os infernos (o Tártaro), domínio de Plutão e sua esposa Prosérpina.
Lá, Plutão o joga dentro de um grande lago com águas frescas, cercado de árvores carregadas dos mais belos frutos. Ficou de pé nas águas, somente com a cabeça para fora.
De repente, torturado por terrível sede, Tântalo, sem poder dobrar o corpo, abaixou a cabeça para beber água. A água, contudo, instantaneamente lhe desceu até os pés, ao menor movimento do pescoço. Depois, tomado por fome devastadora, estendeu o braço para apanhar uma das frutas que pendiam dos galhos próximos, mas surgiu um vento forte que afastou os galhos de seu alcance. Deste modo, Tântalo alcançou a imortalidade no inferno, como prêmio por sua selvageria.

(A expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular "Tão perto e, ainda assim, tão longe”.)
O rapaz Pélope, agora gozando de boa saúde e com o ombro de marfim, tornou-se rei do Peloponeso.
Referência
FRANCHINI, A. S. As melhores histórias da mitologia: deuses, herois, monstros e guerras da tradição greco-romana. Vol. 1. Porto Alegre, RS: L&PM, 2017.
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